quarta-feira, 26 de março de 2014

Homens de (pseudo) Ferro

Nunca os super-heróis estiveram tanto em alta. É Homem de Ferro, Superman, Homem Aranha, Hulk, Capitão América, regravação do Homem Aranha..., parece que todos eles voltaram com força total. Será que os super-heróis geraram um tipo de complexo de gênero? Algo como um “complexo de super-herói”?? Super-heróis geralmente são homens e mulheres esbeltos, super sexy, fortes... Intrínsecos a todos esses adjetivos, atrelamos inconscientemente que são bem sucedidos, têm vida sexual perfeitas, sempre bem dispostos e de bom humor. Certo? Errado! Pra falar a verdade nem sei se existem homens ou mulheres assim. Isso seria o ideal para muitos, a perfeição. Mas o real é bem diferente disso.

Na maioria das vezes, achamos que precisamos de super-heróis em nossas vidas ou nos tornamos super-heróis. Não conseguimos encontrar ou enxergar apenas os seres humanos que somos ou que estão ao nosso lado. Cobramo-nos como máquinas, muitas vezes, assumimos todo o serviço ou todos os problemas e vivemos cansadas sem entender o porquê. Não nos reservamos o direito de descansar e nem damos esse direito ao outro.  O mal estar da civilização é estar sem tempo, sem tempo para amigos, pra bater um papinho furado, pra fazer nada com o companheiro(a). Discutir a relação é perder tempo, dar colo pra um filho adolescente ou apenas ouvir o que ele tem a dizer é perder tempo, a amizade e o convívio social é perder dinheiro. Estamos tão preocupados em salvar o mundo que não salvamos a nós mesmo. Abraçamos tudo de uma forma como se só nós pudéssemos fazer e não demos a oportunidade pra mais ninguém... Desaprendemos a dividir, só queremos multiplicar sem somar nada a vida de alguém e no final das contas, o saldo dá negativo.

E aí, tropeçamos na realidade e adoecemos, percebemos que não somos heróis e nem heroínas, que não existem homens de ferro, mas existem simplesmente homens ou mulheres. Homens e mulheres que acertam, erram, caem, levantam, sujam-se e tiram a poeira, que nadam contra a maré da rotina todos os dias, que sentem vontade de desistir quando não concebem uma solução, mas que têm vontade de dominar o mundo quando renovam sua fé.


E quando nos percebemos humanos, damos valor aos detalhes, a estar com pessoas especiais, a fazer coisas especiais, a parar pra ver um nascer do sol ou admirar um pássaro cantando, a simplesmente agradecer pela vida. Pena que só conseguimos perceber tais aspectos quando somos quase mortos pela “kryptonita do tempo” e só conseguimos reagir quando estamos prestes a um último suspiro de vida. Não esperemos o último minuto pra mudar a vida, mudemos o primeiro minuto pra viver.

4 comentários:

  1. Eh tao bom quando percebemos que somos apenas seres humanos, que falhamos, que nao somos perfeitos! Nos cobramos menos e vivemos mais felizes. :-)

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  2. Boa essa, gostei, tá na hora de ser herói de verdade neh, fazendo coisas que realmente são relevantes para ser feliz, parabéns Aida, lindo texto.

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  3. O problema, a meu ver,é que o povo está doente...doente de tristeza, de indignação...de falta de esperança!
    Cada Batman (pra mim o único herói de fato), cada capitão américa que surge é a gana do povo por tentar ser mais povo, mais gente, mais feliz. Isso é visto na beleza da criança em tomar para si o arquétipo do herói! E que os homens, ou esquecem, ou se transmutam em pessoas sem fé...que às vezes parece ser o que resta. (E sei que não é).

    Robert Bly em seu clássico livro JOÃO DE FERRO, menciona uma passagem de Antônio Machado: "Todo homem tem duas batalhas que trava: luta com deus em seus sonhos, e luta com o mar ao despertar."

    Acordados ou dormindo, somos homens e mulheres lutando para viver...acolhidos pelo arquétipo do herói a batalha se torna menos sangrenta e mais sábia.

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