quinta-feira, 6 de novembro de 2014

SEXO E OUTROS AMORES: Autismo Social

SEXO E OUTROS AMORES: Autismo Social: Um dia desses, estava caminhando no shopping quando alguém me abordou para pedir uma informação e eu, mesmo com o fone de ouvido, consegui ...

Autismo Social

Um dia desses, estava caminhando no shopping quando alguém me abordou para pedir uma informação e eu, mesmo com o fone de ouvido, consegui ouvi-la e a ajudei. Reportei-me a uma ocasião em que passei mal dentro de um “zebrinha”, pra quem não sabe zebrinhas são ônibus em Brasília que acomodam menos pessoas e fazem um itinerário mais curto, cheguei até mesmo a vomitar e, depois  do que aconteceu olhei para quem poderia ter percebido já pensando na justificativa porque fiquei super constrangida enfim, fui surpreendida por ninguém, ninguém ter olhado ou percebido. Fiquei perplexa. Comecei a pensar se fosse um infarto ou epilepsia ou qualquer outra crise em que alguém precisasse de um suporte, mas talvez, a situação não seria diferente, por quê? Porque cada indivíduo que estava naquele ônibus estava em seu mundo, com seu fone, com suas músicas, como uma espécie de autista.

Então, fiquei pensando que existe um novo tipo de autismo, eu chamaria de autismo social ou autismo da modernidade. Quantos relacionamentos estão em crise desde a facilidade ao acesso dos smartphone? São tantos aplicativos legais que, por um lado, realmente agilizam nossa vida e, por outro, destroem-na completamente. Quantos casais chegam em casa e, infelizmente, não conseguem deixar o celular de lado chegando ao ponto de se comunicar pelo whatsapp? Quantos adolescentes estão crescendo e comunicando-se apenas com o mundo virtual? Todos autistas.

O bom é que esse tipo ou categoria de autismo tem cura. É um tipo de esforço do qual fomos, teoricamente, estimulados desde cedo. Somos inseridos em um circuito social desde que nascemos e estimulados a nos comunicar o tempo inteiro. Família, escola, trabalho, todos sobrevivem com base em relacionamentos. Ninguém é um deserto, mas todo mundo têm seus desertos, ninguém só depende de si pra existir, um puxa o outro, um anima o outro, inspiramo-nos em quem nem sabe que nós existimos, mas o fato é que cada vez desnutrimos nossas relações e por vezes, nos fechamos na playlist do celular como se estivéssemos fazendo parte de um clip musical e na vida perfeita e feliz do facebook.

O fato é que a vida é real e que estamos aqui pra sentir, chorar, sorrir, amar, odiar, viver e compartilhar o que vivemos ou o que foi vivido porque, o que somos hoje devemos a alguém que nos doou, mesmo que homeopaticamente, suas experiências. Sábias são as palavras de Dalai Lama: “O período de maior ganho em conhecimento e experiência é o período de mais difícil da vida de alguém”. Portanto, saiamos desse mundinho medíocre e arrisquemo-nos, ninguém disse que seria fácil, mas que valeria a pena e lembre-se, o difícil é o fácil que nunca foi tentado.