Um dia desses, estava caminhando no shopping quando alguém me
abordou para pedir uma informação e eu, mesmo com o fone de ouvido, consegui
ouvi-la e a ajudei. Reportei-me a uma ocasião em que passei mal dentro de um
“zebrinha”, pra quem não sabe zebrinhas são ônibus em Brasília que acomodam
menos pessoas e fazem um itinerário mais curto, cheguei até mesmo a vomitar e,
depois do que aconteceu olhei para quem
poderia ter percebido já pensando na justificativa porque fiquei super
constrangida enfim, fui surpreendida por ninguém, ninguém ter olhado ou
percebido. Fiquei perplexa. Comecei a pensar se fosse um infarto ou epilepsia
ou qualquer outra crise em que alguém precisasse de um suporte, mas talvez, a
situação não seria diferente, por quê? Porque cada indivíduo que estava naquele
ônibus estava em seu mundo, com seu fone, com suas músicas, como uma espécie de
autista.
Então, fiquei pensando que existe um novo tipo de autismo, eu
chamaria de autismo social ou autismo da modernidade. Quantos relacionamentos
estão em crise desde a facilidade ao acesso dos smartphone? São tantos aplicativos legais que, por um lado,
realmente agilizam nossa vida e, por outro, destroem-na completamente. Quantos
casais chegam em casa e, infelizmente, não conseguem deixar o celular de lado
chegando ao ponto de se comunicar pelo whatsapp?
Quantos adolescentes estão crescendo e comunicando-se apenas com o mundo
virtual? Todos autistas.
O bom é que esse tipo ou categoria de autismo tem cura. É um
tipo de esforço do qual fomos, teoricamente, estimulados desde cedo. Somos
inseridos em um circuito social desde que nascemos e estimulados a nos
comunicar o tempo inteiro. Família, escola, trabalho, todos sobrevivem com base
em relacionamentos. Ninguém é um deserto, mas todo mundo têm seus desertos, ninguém
só depende de si pra existir, um puxa o outro, um anima o outro, inspiramo-nos
em quem nem sabe que nós existimos, mas o fato é que cada vez desnutrimos
nossas relações e por vezes, nos fechamos na playlist do celular como se estivéssemos fazendo parte de um clip
musical e na vida perfeita e feliz do facebook.
O fato é que a vida é real e que estamos aqui pra sentir,
chorar, sorrir, amar, odiar, viver e compartilhar o que vivemos ou o que foi
vivido porque, o que somos hoje devemos a alguém que nos doou, mesmo que homeopaticamente,
suas experiências. Sábias são as palavras de Dalai Lama: “O período de maior
ganho em conhecimento e experiência é o período de mais difícil da vida de
alguém”. Portanto, saiamos desse mundinho medíocre e arrisquemo-nos, ninguém disse que seria fácil, mas que valeria a pena e lembre-se, o difícil é o fácil que nunca foi tentado.
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