domingo, 9 de abril de 2017

No último mês, em dois momentos, na academia, peguei o finalzinho daquele programa “Encontro” da Fátima Bernardes. Coincidentemente, ou não, o assunto era o mesmo, a depressão. Na ocasião, o discurso de artistas e outros convidados não artistas era praticamente o mesmo. Esse mal silencioso, que chega de mansinho, é um transtorno mental afetivo que é caracterizado por uma tristeza constante acompanhada de sintomas negativos que impossibilita o sujeito de fazer suas atividades cotidianas e corriqueiras como estudar, cuidar da família, tomar banho entre outras. A falta de informação sobre a doença, a ignorância, fomenta o preconceito e inviabiliza as pessoas que estão sofrendo de identificar e/ou procurarem ajuda com os primeiros sintomas. Pode ser que esteja lendo aqui e acabe pensando: mas eu não sou preconceituoso(a), eu gosto de ajudar as pessoas, pois então eu te digo, todos somos e estamos num momento de educação social em várias vertentes e os transtornos psicológicos estão na lista. Uma vez assistir uma propaganda de um remédio para gripe, acho que é “Coristina d” que tinha um slogan do tipo “Pra quem não pode parar por uma gripe”. As pessoas estão cada vez mais pressionadas a virar máquinas. Estão sendo treinadas, se é que é a palavra certa, a não sentir, não respeitar seu corpo e sentimentos. Um remédio com um slogan desses simplesmente reforça o constrangimento de uma pessoa que não se sinta bem por uma gripe quanto mais o de uma pessoa que está num quadro depressivo. E aí, um sujeito que já está imerso naquela tristeza que não passa, sem vontade de sair da cama escuta frases do tipo “vamos no shopping que melhora!”, “depressão é doença de rico”, “você tem que aprender a lidar com isso”, “você está sendo egoísta”, “você tem que orar, isso é falta de Deus”. Família e amigos têm papéis fundamentais para que o sujeito dê o seu primeiro passo para o tratamento.
Ainda hoje, depressão é confundida com tristeza, sentimento extremamente comum e que todos, em algum momento da vida, experimentam. Ficar triste e cabisbaixo não significa que a pessoa está em depressão, em alguns dias, certamente estará melhor. A depressão não tem uma causa real e nem universal, cada sujeito tem uma espécie de peneira emocional e, às vezes o que passa pela peneira, mesmo que em pequenas doses, vai “minando” a vida como uma espécie de bactéria que parece inofensiva, mas aos poucos vai contaminando e putrificando a psique.
Mesmo que tenha a melhor intensão do mundo, aprenda a olhar o outro. Nossos julgamentos só falam de nós mesmos e na maioria das vezes, na ânsia de ajudar e querer resolver logo, não percebemos que só estamos contribuindo para a solidificação da doença.
Procure um profissional qualificado! Faça terapia!