quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Treinamento para Infelicidade

Conversando com uma amiga caíram algumas fichas que me incomodavam há algum tempo. Esta amiga vive uma crise que eu particularmente gosto de chamar de “Crise Pós Disney”. Engraçado? Não, nada engraçado. Nós mulheres carregamos um fardo muito pesado por conta dos contos de fada. Interessante como as princesas sempre são muito educadas, falam baixo, nunca se irritam, e sempre, sempre esperam o príncipe encantado. Enquanto os príncipes enfrentam bruxas, dragões, cruzam fronteiras, caem e levantam, lutam, apanham mas sobrevivem!
Tudo não passa de um treinamento, um treinamento para a infelicidade. Somos treinadas para esperar e não para agir, para sofrer, para acreditar que o outro será a solução e, vai nos tirar da torre da desilusão,  vai nos salvar das bruxas do tédio, vai nos fazer felizes para sempre. Somos protegidas em excesso. Quantas vezes você ouviu a explicação: ele pode porque ele é menino e você não pode porque é menina? Não podemos rir alto porque soa como deselegante, não podemos comer com a mão porque é falta de educação, não podemos gemer porque é pecado, não podemos ligar quando estamos com tesão porque mulher não pode ligar, não podemos falar de sexo ou querer sexo porque não é coisa de moça de família, não podemos casar com ele porque tem uma condição social inferior a sua, porque ele malha e você não gosta de malhar, porque ele não é da mesma religião, porque ele é gordo e você é gostosa, não podemos não podemos  e não podemos. Não podemos ser felizes...
Enquanto os homens!!! Ahhh os homens... Eles podem gritar, cair e levantar, rir alto, ligar na hora que tem vontade, dar uma topada e xingar (tem coisa melhor do que falar um palavrão quando a gente bate no sofá com o dedo mindinho?)  entre outras coisas...
É isso, somos treinadas para sermos infelizes... E, de repente a gente se pergunta por quê? Por que eu não me permito, por que eu não vou, por que eu não quero, por que eu não faço por que tenho medo... Medo de arriscar, medo de gritar, medo de recomeçar, medo de ser feliz!
A ideia não é sair gritando com uma melancia na cabeça e parar no psiquiatra saindo de lá com a receita pra Fluoxetina ou Rivotril. É recomeçar, é rever seus conceitos e ser feliz por direito, é ter coragem, é enfrentar, é arriscar porque nesta vida o “não” é garantido e a gente briga pelo “sim” e, se não cruzarmos a floresta do medo seremos engolidas por clichês de “ela é menina e não pode”. A vida é muito grandiosa pra simplesmente alguém lhe colocar uma etiqueta e você simplesmente se limitar ao que o outro te impõe e, não viver. Então, que tal tirar os rótulos??

4 comentários:

  1. Isso mesmo. Abaixo as Cinderellas, Brancas de Neve, Belas Adormecidas...

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  2. Poxa li e me senti exatamente assim. não que eu seja uma princesa, mas o não pode isso, não pode aquilo já me prejudicou muito. Sou muito infeliz hoje, mas consciente de que preciso e que ainda há tempo de correr atras da minha felicidade. Obrigada por suas palavras Aida

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    1. A consciência é como abrir os olhos na hora do medo e não mantê-los fechado como se não estivesse acontecendo. Que bom que vai correr atrás da sua felicidade, vá sem medo de ser feliz!

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