Conversando com uma amiga caíram
algumas fichas que me incomodavam há algum tempo. Esta amiga vive uma crise que
eu particularmente gosto de chamar de “Crise Pós Disney”. Engraçado? Não, nada
engraçado. Nós mulheres carregamos um fardo muito pesado por conta dos contos
de fada. Interessante como as princesas sempre são muito educadas, falam baixo,
nunca se irritam, e sempre, sempre esperam
o príncipe encantado. Enquanto os príncipes enfrentam bruxas, dragões,
cruzam fronteiras, caem e levantam, lutam, apanham mas sobrevivem!
Tudo não passa de um treinamento,
um treinamento para a infelicidade. Somos treinadas para esperar e não para
agir, para sofrer, para acreditar que o outro será a solução e, vai nos tirar
da torre da desilusão, vai nos salvar
das bruxas do tédio, vai nos fazer felizes para sempre. Somos protegidas em
excesso. Quantas vezes você ouviu a explicação: ele pode porque ele é menino e
você não pode porque é menina? Não podemos rir alto porque soa como
deselegante, não podemos comer com a mão porque é falta de educação, não podemos
gemer porque é pecado, não podemos ligar quando estamos com tesão porque mulher
não pode ligar, não podemos falar de sexo ou querer sexo porque não é coisa de
moça de família, não podemos casar com ele porque tem uma condição social
inferior a sua, porque ele malha e você não gosta de malhar, porque ele não é
da mesma religião, porque ele é gordo e você é gostosa, não podemos não
podemos e não podemos. Não podemos ser
felizes...
Enquanto os homens!!! Ahhh os
homens... Eles podem gritar, cair e levantar, rir alto, ligar na hora que tem
vontade, dar uma topada e xingar (tem coisa melhor do que falar um palavrão
quando a gente bate no sofá com o dedo mindinho?) entre outras coisas...
É isso, somos treinadas para
sermos infelizes... E, de repente a gente se pergunta por quê? Por que eu não
me permito, por que eu não vou, por que eu não quero, por que eu não faço por que
tenho medo... Medo de arriscar, medo de gritar, medo de recomeçar, medo de ser
feliz!
A ideia não é sair gritando com
uma melancia na cabeça e parar no psiquiatra saindo de lá com a receita pra Fluoxetina
ou Rivotril. É recomeçar, é rever seus conceitos e ser feliz por direito, é ter
coragem, é enfrentar, é arriscar porque nesta vida o “não” é garantido e a
gente briga pelo “sim” e, se não cruzarmos a floresta do medo seremos engolidas
por clichês de “ela é menina e não pode”. A vida é muito grandiosa pra
simplesmente alguém lhe colocar uma etiqueta e você simplesmente se limitar ao
que o outro te impõe e, não viver. Então, que tal tirar os rótulos??
Isso mesmo. Abaixo as Cinderellas, Brancas de Neve, Belas Adormecidas...
ResponderExcluirLindo texto!
ResponderExcluirPoxa li e me senti exatamente assim. não que eu seja uma princesa, mas o não pode isso, não pode aquilo já me prejudicou muito. Sou muito infeliz hoje, mas consciente de que preciso e que ainda há tempo de correr atras da minha felicidade. Obrigada por suas palavras Aida
ResponderExcluirA consciência é como abrir os olhos na hora do medo e não mantê-los fechado como se não estivesse acontecendo. Que bom que vai correr atrás da sua felicidade, vá sem medo de ser feliz!
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